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Emergências: gestos que salvam vidas

Já alguma vez se deparou com uma situação de emergência médica? Um ataque cardíaco ou um acidente vascular cerebral? E saberia o que fazer nessas circunstâncias? E o que não fazer? Faz parte da formação cívica saber o que fazer nestes casos. E a razão é a mais nobre de todas: podemos salvar uma vida.

Urgências e emergências são 2 termos normalmente usados para descrever um mesmo quadro. No entanto não são conceitos exatamente idênticos. Falamos de urgência médica quando a demora no diagnóstico ou no tratamento pode implicar um risco grave para a vítima. Algumas destas situações de urgência são consideradas emergências dada a gravidade acrescida. Um traumatismo grave, uma intoxicação ou queimadura, uma crise cardíaca ou respiratória – são exemplos que se enquadram neste cenário, que tanto pode ser de urgência como de emergência. Uma emergência médica é uma urgência cuja situação é considerada de extrema gravidade, ou porque implica a utilização de telecomunicações ou o transporte especial de um doente. 

 

Felizmente, não somos testemunhas frequentes deste tipo de situações, mas, e se acontecer? O que poderemos fazer? É normal que hesitemos, não por não querermos ajudar, mas por receio de errarmos: afinal, é uma vida que está à nossa frente. Mas ajudar está, desde logo, à distância de uma chamada telefónica, ou para a linha Saúde 24 – 804 24 24 24 ou para o 112 – o número europeu de emergência. E, enquanto não chega ajuda médica, será que há algumas medidas de primeiros socorros que podem/devem ser tomadas? E gestos a evitar sob pena de agravar a situação? Vejamos o que pode fazer.

Em caso de urgências 0u emergências médicas

AVC

 

  • O que é?

Esta é a sigla de acidente vascular cerebral, a primeira causa de morte e incapacidade em Portugal. Caracteriza-se pela existência de lesões celulares numa determinada região do cérebro, quer porque o fluxo de sangue (logo, de oxigénio e nutrientes) é interrompido, devido à formação de trombos (bloqueios nos vasos sanguíneos), quer porque se dá uma inundação de sangue devido à rutura de uma artéria. No primeiro caso, fala-se em AVC isquémico; no segundo em AVC hemorrágico. Ambas as situações são emergências médica, na medida em que a morte celular pode afetar todas as funções vitais comandadas pelo cérebro – dos movimentos à comunicação e ao raciocínio, passando pelas emoções. 

 

  • Quais os sinais?

Um AVC ocorre, quase sempre, de forma súbita, sendo denunciado por sinais, que podem estar presentes em conjunto ou não:

 

  • assimetria da face
  • falta de força num braço ou perna
  • dificuldade na fala, com um discurso incompreensível
  • falta de visão num ou em ambos os olhos

 

  • O que fazer?

Nesta situação, há que chamar de imediato o 112 que, por sua vez, ativará a Via Verde do AVC – sistema preparado para encaminhar o doente.

 

1- Ligar para o 112

2- Verificar a respiração

3- Deitar para o lado esquerdo

 

Enfarte agudo do miocárdio

 

  • O que é?

 

Esta é a designação médica da situação que, correntemente, se identifica como «ataque cardíaco». À semelhança do AVC também aqui se coloca um problema a nível do abastecimento de sangue (e oxigénio) a um órgão vital: não do cérebro, mas do coração. Isto porque num enfarte agudo do miocárdio há um bloqueio numa ou em mais das artérias que irrigam o coração, bloqueio esse que, na maior parte das vezes, tem origem no acumular de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos, ou seja, é devida à aterosclerose. Mas pode também ser consequência de um espasmo numa das artérias, o qual interrompe o fluxo sanguíneo. Sem sangue, as células da região cardíaca afetada acabam por morrer. E, se a interrupção do fluxo for prolongada, pode causar lesões no músculo cardíaco (o miocárdio), fazendo com que pare de bater.

 

  • Quais os sinais?

Um enfarte manifesta-se de várias formas, com sinais a nível cardiorrespiratório, mas não só: sensação de peso e aperto no centro do peito, com dor que tende a espalhar-se pelas costas, braço esquerdo, maxilar ou pescoço; respiração e ritmo cardíaco acelerados e irregulares; mas também tonturas, náuseas e vómitos, transpiração.

 

  • O que fazer?

Primeiro, chamar o 112. E enquanto não chega a ajuda, colocar a pessoa numa situação confortável, de preferência sentada, e desapertar-lhe a roupa. Se ela estiver responsiva, tentar perceber se toma medicamentos para problemas cardíacos e se tem algum para situações de SOS. Se não estiver, tentar reanimá-la com respiração boca a boca ou com massagem cardíaca. Igualmente importante é o que não se deve fazer, o que, neste caso, envolve não dar de beber ou comer ao doente e não o deixar sozinho.

 

1- Ligar para o 112

2- Colocar em posição confortável

3- Se estiver inanimada, tentar reanimar

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Os fatores de risco para um segundo ataque cardíaco

Engasgamento

 

  • O que é?

É uma situação frequente em crianças, uma vez que tendem a levar tudo à boca, incluindo objetos de pequena dimensão. No entanto, pode acontecer a qualquer um, numa situação tão trivial como comer. É, aliás, comum em pessoas idosas ou com dificuldades de mastigação e deglutição. Quando uma pessoa se engasga, o objeto – um pedaço maior de comida, por exemplo – «engana-se» no caminho, isto é, em vez de entrar no sistema digestivo, descendo pela faringe e pelo esófago até ao estômago, penetra no sistema respiratório através da laringe, entupindo-a e impedindo que o ar alcance os pulmões.

 

  • O que fazer?

O que há a fazer é tentar que a pessoa tussa com força, de modo a expulsar o «intruso». É que tossir é sinal de que o ar circula, logo de que a pessoa está a respirar. Caso não resulte, podem dar-se algumas palmadas nas costas. Deve ainda inspecionar-se a boca e, se for possível alcançar o objeto, introduzir um dedo e removê-lo. Mas não insistir caso não consiga, pois pode empurrá-lo mais e agravar a obstrução.  Se o bloqueio persistir, uma possibilidade é a chamada manobra de Heimlich: abraçar a pessoa por trás, cruzar as mãos sobre o estômago e comprimi-las contra si e para

 

1- Bater nas costas

2- Técnica de Heimlich

 

 

Traumatismo

 

  • O que é?

Um traumatismo é qualquer situação que envolva uma lesão no corpo devido ao efeito produzido por um elemento externo ao organismo, de forma abrupta e violenta, isto é, uma pancada ou uma queda.

 

  • Quais os sinais?

A dor e o sangramento são os sinais mais visíveis, mas podem ocorrer também convulsões e perda de consciência – por vezes, não de imediato, mas só passado algum tempo após o trauma.

 

  • O que fazer?

Perante uma situação destas, o primeiro cuidado é não mover a pessoa. Se houver hemorragia, há que tentar travá-la, exercendo pressão sobre a zona afetada. Caso não haja ferida aberta, convém colocar gelo sobre a lesão, para evitar que ocorra inflamação. Em situação alguma se deve tentar imobilizar a parte do corpo atingida, nomeadamente usando ligaduras.

 

1- Se houver hemorragia, pressionar

2- Se não houver hemorragia, colocar gelo

3- Não mover ou imobilizar

 

Convulsões

 

  • O que é?

As convulsões ocorrem quando há uma falha na transmissão dos sinais elétricos no cérebro, causando contrações involuntárias e erráticas dos músculos. São um sintoma da epilepsia, mas também ser desencadeadas por febre elevada, traumatismo craniano, problemas de metabolismo ou défice de oxigénio no cérebro, bem como por outras doenças como meningite, tétano ou infeção por VIH.

 

  • O que fazer?

Perante os espasmos musculares generalizados é essencial manter a calma. Se for possível, deitar a pessoa numa situação confortável e colocar uma peça de roupa (um casaco dobrado, por exemplo) debaixo da cabeça, de modo a mantê-la numa posição ligeiramente elevada, procurando ao mesmo tempo criar uma zona com suficiente ventilação. Quando os abalos cessarem deve mudar-se o doente para uma posição lateral. Mas sem forçá-lo a ficar quieto, não tentando prender-lhe os membros enquanto ocorrem os espasmos. Do mesmo modo, não se deve introduzir qualquer objeto na boca ou puxar a língua – existe a ideia de que estas pessoas tendem a enrolar a língua e de que, por isso, há o risco de asfixia, mas não é verdade. Também não se deve dar de beber. Convém, sim, ficar com a pessoa até ela respirar normalmente. E vigiar a duração da crise, uma vez que, caso se prolongue por mais de cinco minutos ou caso haja dificuldade em recuperar a respiração mesmo depois de as convulsões pararem, é necessário chamar uma ambulância. Faça o mesmo se a pessoa se tiver ferido durante a crise. E, em caso de dúvida sobre os procedimentos, contacte sempre a linha Saúde 24 ou o 112.

 

1- Deitar a pessoa e subir a cabeça

2- Quando acalmar, virar de lado

3- Não se deve puxar a língua

 

Queimaduras

 

  • O que é?

São muitos os acidentes que podem resultar numa queimadura, desde o derrame de um líquido quente (ou vapor) sobre a pele, até ao contacto com metal quente, fogo, ácidos e produtos químicos corrosivos.

 

  • Quais os sinais?

Independentemente da causa, os efeitos são os mesmos: vermelhidão, formação de pústulas e lesões cutâneas, que podem ser superficiais ou atingir os tecidos mais profundos.

 

  • O que fazer?

Neste quadro, o cuidado número um é tocar ao mínimo na queimadura e, se for mesmo necessário, torna-se fundamental lavar ou desinfetar as mãos antes de tocar na queimadura. Depois, o que há a fazer é cobrir a zona afetada com um material estéril – uma ligadura, por exemplo –, mas sem aplicar qualquer loção ou outro produto e sem rebentar as bolhas ou remover o tecido que eventualmente tenha ficado sobre a pele queimada. Algumas situações requerem cuidados particulares: é o que se verifica quando a queimadura tem origem num produto químico corrosivo, em que a área afetada deve ser abundantemente lavada com água.

 

1- Lavar ou desinfetar as mãos antes de ajudar

2- Sem adicionar loções ou rebentar bolhas, cobrir com material estéril

3- Se a queimadura tiver origem num produto químico, lavar a área afetada

 

Choque elétrico

 

  • O que é?

Ocorre quando há contacto com uma tomada elétrica ou um cabo elétrico descarnado, por exemplo. O resultado é uma queimadura, que tanto pode ser ligeira como extremamente severa, dependendo da voltagem da corrente .

 

  • O que fazer?

Os primeiros socorros numa situação destas envolvem, desde logo, desligar a corrente ou, pelo menos, desligar a fonte de energia. Mas atenção: nunca tentar cortar o cabo com uma faca ou tesouras. O doente deve ser afastado da causa do choque com o máximo cuidado – pode usar-se um jornal, uma peça de vestuário ou um objeto decorativo para criar uma espécie de zona de segurança. Deve ser depois deitado de costas, com a cabeça baixa e virada para um dos lados – exceto se houver ferida na cabeça, no peito ou no abdómen.

 

1- Cortar a corrente elétrica

2- Afastar o doente e criar segurança com jornal ou roupa

3- Deitá-lo de costas com a cabeça para um lado

4- Dar goles de água ou outro líquido não alcoólico

 

Por fim, junte-se à comunidade Cardio 365º!

Referências
  • Revista pH

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