Risco da aterosclerose, ou quando as artérias ficam obstruídas
De certeza que já ouviu falar em aterosclerose. Mas sabe o que é, exatamente? Quais as causas e fatores de risco? Neste artigo explicamos-lhe tudo sobre esta patologia.

A aterosclerose é uma doença cardiovascular (do coração e vasos onde o sangue cirula). Neste caso, os vasos afetados são as artérias. Afeta cerca de 740 mil adultos em Portugal. Além disso, representa 50% das mortes por doenças do aparelho circulatório. Estima-se, ainda, que cada português com a doença perca 10 dias de vida por ano, devido à mesma.
Mas em que consiste a aterosclerose?
Na aterosclerose placas de «tecidos gordos» (chamadas ateromas, daí o nome «atero») depositam-se na parede das artérias. Estes «tecidos gordos» são sobretudo:
- colesterol
- gordura
- substâncias resultantes do metabolismo celular
- cálcio
- fibrina (proteína envolvida na coagulação do sangue)
Com o passar do tempo, cada vez se vão depositando mais tecidos e essas placas vão aumentando a espessura das paredes das artérias. Como consequência, estas vão ficando cada vez mais estreitas. Isto dificulta e pode mesmo chegar a impedir a passagem do sangue. Deste modo, não chegam oxigénio nem nutrientes suficientes aos órgãos e células.
Causas e fatores de risco da aterosclerose
Esta doença é lenta e silenciosa. A acumulação de placas pode começar na infância e ir piorando ao longo da vida. Os sintomas só se fazem sentir quando o dano já é extenso e, regra geral, em pessoas de idade avançada. A causa em si não é completamente conhecida. No entanto, acredita-se que tenha origem quando o tecido que forma a parede das artérias (chamado endotélio) é danificado. Esse dano pode ser causado por:
- níveis elevados de colesterol e triglicéridos
- hipertensão arterial (ou seja, a chamada tensão alta)
- tabagismo (aumenta exponencialmente a formação dos depósitos e acelera o crescimento das placas)
- diabetes
- obesidade
- inflamação (decorrente de artrite ou lúpus, por exemplo)
Uma pessoa de 40 anos e saudável tem cerca de 50% de probabilidade de vir a ter aterosclerose. Além disso, o risco aumenta com a idade. A maioria das pessoas com mais de 60 anos tem alguma aterosclerose. No entanto, esta pode nunca se manifestar, se for ligeira.
Os maiores fatores de risco para desenvolver aterosclerose que possa vir a causar um enfarte ou AVC são:
- gordura abdominal;
- diabetes;
- consumo elevado de álcool;
- hipertensão arterial;
- colesterol alto;
- baixo consumo de frutas e vegetais;
- sedentarismo;
- tabagismo;
- stresse e ansiedade.
As consequências
A artéria na qual se deposita a placa varia de pessoa para pessoa. No entanto, é impossível de controlar. E este é o risco da aterosclerose! Fependendo da zona afetada pode desenvolver-se:
- doença arterial coronária (das artérias do coração);
- angina de peito (isto é, dor no peito causada pela redução do aporte de sangue ao coração);
- doença das artérias carótidas (ou seja, das que fornecem sangue ao cérebro);
- aneurismas;
- doença arterial periférica (causando problemas nas extremidades, sobretudo, nas pernas e pés);
- arritmias.
- doença renal crónica;
Se o coração ou o cérebro deixarem de receber sangue de todo, pode acontecer um ataque cardíaco (enfarte) ou AVC (acidente vascular cerebral).

A ameaça das placas de ateroma
Além dos problemas que podem causar por diminuir ou impedir a passagem do sangue, as placas podem representar um perigo só por si. Isto porque uma parte ou mesmo a placa inteira pode soltar-se da parede da artéria e «viajar» pelo vaso até ficar presa. Assim sendo, é possível que:
- o vaso fique bloqueado impedindo a chegada do sangue ao órgão que dele precisa;
- se forme um coágulo de sangue em redor da placa, que se pode soltar e originar uma trombose.
Aterosclerose vs. arteriosclerose
Apesar de algumas publicações as apresentarem como sinónimos, a aterosclerose e a arteriosclerose não são bem a mesma coisa. Na verdade, a aterosclerose é um tipo específico de arteriosclerose. Calma, nós explicamos melhor já de seguida!
«Esclerose» é um termo médico que significa «endurecimento». Assim sendo, neste caso, falamos no endurecimento das paredes das artérias. No caso da arteriosclerose, esse processo é normalmente resultante do avançar da idade. Ou seja, faz parte do envelhecimento natural do organismo. Com a idade, as paredes das artérias vão ficando mais espessas e menos elásticas. Também é relativamente comum em pessoas com diabetes ou hipertensão arterial.
Na aterosclerose, como vimos acima, o espessamento das paredes das artérias é causado pelos depósitos das placas de ateroma. Daí que a aterosclerose seja um tipo específico de arteriosclerose (o mais comum).
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