O que é uma hipopneia? É preocupante?

Antes de tudo, entendamos a palavra. «Hipo-» significa diminuição. Já «-pneia» exprime a noção de respiração. Ou seja, a hipopneia é uma doença caracterizada por uma diminuição da respiração. Neste caso, os episódios acontecem durante o sono.

As características da hipopneia

Considera-se um episódio de hipopneia sempre que ocorram 10 segundos ou mais de respiração diminuída. O fluxo de ar diminui entre 30% e 90% e os níveis de oxigénio no sangue uns 3% a 4%. Quanto maior a duração de um episódio de hipopneia, maior o seu impacto e consequências no organismo.

Quando uma pessoa tem mais de 5 episódios de hipopneia enquanto dorme, considera-se que tem uma perturbação do sono. Além dos sintomas associados à falta de descanso, ao diminuir a quantidade de oxigénio que chega aos órgãos e tecidos, a hipopneia pode aumentar o risco de:

• ataque cardíaco
• AVC (acidente vascular cerebral)
• doença cardiovascular
• diabetes
• fibrose do fígado

Por isso, a hipopneia deve ser tratada de forma a melhorar a qualidade de vida e evitar consequências mais graves.

Tipos de hipopneia

• Obstrutiva – quando por algum motivo, durante o sono, as vias aéreas diminuem de tamanho ou estão obstruídas.

• Central – neste caso, não é o fluxo de ar que diminui, mas sim a respiração. Pode dever-se a problemas no cérebro ou alguns tipos de medicação.

• Mista – como o nome indica, combina a diminuição do fluxo de ar com a diminuição da respiração.

Sintomas e consequências da hipopneia

A hipopneia é responsável pela interrupção frequente do sono. Além disso, há menos oxigénio a chegar aos tecidos e órgãos, como o cérebro. Por isso, os sintomas são:

• sonolência diurna – pode ser grave e causar acidentes ao conduzir e operar maquinaria pesada
• acordar com sensação de não ter descansado
• falta de energia
• incontinência noturna
• ressonar intenso
• asfixia durante o sono
• dores de cabeça matinais
• disfunção sexual
• perturbações do humor (depressão e irritabilidade)
• congestão nasal crónica
• aumento de peso
• dificuldades de concentração e de memória

Causas da hipopneia

A hipopneia obstrutiva ocorre quando as vias aéreas são parcialmente bloqueadas durante o sono. A posição do corpo normalmente favorece este bloqueio. O que acontece normalmente é que alguns tecidos à volta da garganta relaxam e podem tornar-se mais volumosos. Por exemplo, como consequência do hipotiroidismo (aumento do tamanho da tiróide) ou em pessoas com obesidade. Outra razão pode ser a forma do maxilar ou até mesmo o tamanho das amígdalas.

No caso da hipopneia central, os mecanismos ainda não são bem conhecidos. Acredita-se que se possa dever a danos no tronco cerebral (zona do cérebro que controla os movimentos da respiração). A toma de medicamentos opióides (como o tramadol, morfina, metadona, fentanilo, etc.) também pode causar hipopneia central. Outra causa atribuída a este tipo de hipopneia é a viagem para locais de altitude elevada, onde o corpo tem de se adaptar a diferentes pressões atmosféricas.

Fatores de risco

• Obesidade – a acumulação de gordura ao redor do pescoço pode diminuir as vias aéreas
• Hipotiroidismo – onde há um aumento da tiróide, localizada no pescoço
• Acromegalia (doença hormonal onde há uma produção excessiva de hormona do crescimento em adultos de meia idade)
• História familiar de hipopneia ou apneia do sono
• Ser fumador
• Sexo masculino
• Idade – mais comum a partir da meia idade
• Forma do maxilar curta ou «para dentro»
• Doença cardíaca ou renal avançada – a acumulação de fluidos ao redor da garganta pode dificultar o respirar

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Tratamento

Dependendo das causas, o tratamento passa normalmente por alterações ao estilo de vida e terapia de ventilação continua (CPAP). As alterações ao estilo de vida mais comuns, incluem:

• Perda de peso – uma perda de 10% do peso associa-se a um 26% de melhoria dos sintomas
• Redução da ingestão de álcool
• Deixar de fumar
• Mudar a posição de dormir

A terapia de ventilação contínua é feita com recurso a um ventilador próprio. Este aparelho fornece um fluxo de ar contínuo e pressurizado enquanto dorme, prevenindo as hipopneias. Este tratamento melhora significativamente a qualidade de vida. Além disso, está associado à redução da pressão arterial e do risco cardiovascular.

Diferença entre hipopneia e apneia do sono

A hipopneia e a apneia do sono são duas doenças muito parecidas. Os sintomas, fatores de risco e consequências que apresentam são bastante semelhantes. A principal diferença é que, na apneia, o fluxo de ar é totalmente interrompido e as pessoas deixam mesmo de respirar. Na hipopneia, o fluxo de ar ou a respiração simplesmente diminuem, não chegando a ser interrompidos na totalidade.

A hipopneia não é uma doença que ameace a vida. No entanto se não for controlada, com o tempo, pode causar doenças mais graves. Estas estão associadas à falta de oxigenação dos órgãos e ao cansaço crónico. Pode também considerar-se um fator de risco cardiovascular e aumentar a ocorrência de ataque cardíaco ou AVC. Por isso, deve ser tratada de modo a evitar acidentes, melhorar a qualidade e prolongar a vida.

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