Obesidade e COVID-19: um fator de risco a ter em conta?
Entre tanto que se diz sobre a COVID-19, certamente já terá ouvido dizer que quem tem obesidade tem um risco acrescido. Mas o que isso significa? Ora descubra connosco!

Antes de falar sobre a relação entre obesidade e COVID-19, é importante focar no que é, afinal a obesidade e o que implicações traz para a saúde. A obesidade é uma doença crónica, complexa, multifatorial, muito prevalente na população portuguesa. Sabia que cerca de 60% dos portugueses têm obesidade ou pré-obesidade? É verdade. Além disso, causa múltiplas outras doenças, sejam elas, metabólicas, mecânicas ou mentais.
A obesidade é também um fator de risco para o início, progressão, complicações e mortalidade mais elevada pela infeção pelo coronavírus. Porquê?
Obesidade e COVID-19: porque deve estar alerta
As pessoas com obesidade têm mais doenças cardiometabólicas associadas. Ou seja, doenças como, por exemplo:
- Hipertensão arterial
- Diabetes
- Colesterol e triglicéridos elevados
… bem como patologias cardíacas, pulmonares e renais, tais como:
- Cardiomiopatias
- Insuficiência cardíaca
- Apneia do sono
- Diminuição da saturação do oxigénio
- Glomerulopatias
- Glomeruloesclerose
- Doença renal terminal
Mas a lista não termina aqui. A obesidade é ainda responsável por alterações do endotélio, hipercoagulabilidade, disfunção imune e inflamação sistémica de baixo grau.
Assim sendo, com a infeção pelo coronavírus na pessoa com obesidade, todas estas alterações concorrem para que ocorra uma doença mais grave, com maior taxa de hospitalização, mais admissões e permanência mais longa nos cuidados intensivos. Além disso, há uma maior necessidade de ventilação mecânica durante mais tempo e maior mortalidade.
Como reduzir o impacto do confinamento na obesidade
Durante o período de confinamento é importante tomar medidas para que a prevalência de obesidade não progrida ainda mais:
- Mantenha uma alimentação saudável e equilibrada. Inclua alimentos de todos os grupos da Roda dos Alimentos. Coma mais fruta e hortícolas, incluindo, por exemplo, sopa de hortícolas ao almoço e jantar e 3 peças de fruta ao dia.
- Pratique uma alimentação consciente. Abrande o ritmo e descubra os aromas, cores, sensações, texturas e sabores dos alimentos.
- Reduza a ingestão energética excessiva e evite alimentos ricos em açúcares e sal. Resista a comprar aqueles alimentos menos saudáveis. Não tenha a «tentação» em casa!
- Mantenha, dentro do possível, rotinas e horários. Distribua as refeições ao longo do dia. Evite «assaltos à despensa e frigorífico».
- Aproveite para fazer todas as refeições e snacks sentado à mesa e sem distrações. Aproveite para conversar e não se envolva noutras atividades enquanto está a comer.
- Mantenha um bom estado de hidratação. Beba pelo menos 1,5 L de água ao longo do dia. Experimente infusões, tisanas, chás ou águas aromatizadas, sem adição de açúcar.

- Crie uma rotina de exercício diária: inclua, pelo menos, 30 minutos de atividade. Se já fazia exercício, adira a aulas online. Se vai iniciar agora, é necessário cautela, pelo que deve solicitar acompanhamento online por um fisiologista do exercício.
- Levante-se! Faça intervalos ativos a cada 30 minutos que passa sentado. Transforme as tarefas domésticas num jogo, envolva os seus filhos e retirem partido desses momentos.
- Se estiver em regime de teletrabalho, pondere criar uma secretária alta (utilizando uma mesa ou empilhando livros/caixas), para trabalhar alternadamente na posição de pé. Se tiver uma reunião mantenha-se em pé ou caminhe pela casa enquanto fala.
- Crie tempo livre de vírus em família: desligue a TV e o telemóvel. Aproveite para dançar com os seus filhos, ao som da vossa música favorita. Divirta-se em jogos ativos (saltar à corda, jogar com um balão, ou outros).
- Prepare-se para as emoções difíceis, mas lembre-se que todas as emoções são passageiras. Expresse as suas emoções através da escrita, do desenho, da música, da dança ou ligando a alguém importante para si. Não tente eliminá-las usando a comida.
- A mente humana tende a ser negativa e catastrófica. Não caia nas armadilhas dos pensamentos do tipo «tudo ou nada» ou «perdido por 100, perdido por 1000». A vida é feita de contrastes, altos e baixos e surpresas, por isso mantenha os seus esforços para uma vida saudável.
Por fim, junte-se à comunidade Cardio 365º!