Como funciona o sistema imunitário?
Sistema imunitário. Imunidade. Defesas. De certeza que já ouviu estes termos. Neste artigo explicamos-lhe as bases de como funciona o sistema imunitário para que entenda melhor este «exército» natural altamente complexo que existe para nos proteger.
Porque importa termos um sistema imunitário? Porque vivemos sob ataque, ora essa.
Afinal, as bactérias, vírus, fungos, alérgenos e outros «corpos estranhos» existem ao nosso redor, em todas as superfícies, nas plantas, no ar. E nós respiramo-los, ingerimo-los na água e na comida, permitimos-lhes a entrada através de pequenos cortes na nossa pele….
Então porque é que não estamos sempre doentes? Ou porque é que quando adoecemos ligeiramente, na maioria das vezes, acabamos por conseguir curar-nos sem ter de tomar medicação nem ser hospitalizados? Até mesmo precisando de algum medicamento, em doenças pouco graves, conseguimos combater a dita infeção em alguns dias ou poucas semanas. Isto só é possível porque, sendo saudáveis, temos um sistema imunitário composto por uma rede complexa de órgãos, células e proteínas cujo único propósito de existência é:
- Proteger-nos destas substâncias estranhas (alérgenos).
- Defender-nos dos microrganismos infeciosos (patógenos).
- Controlar as nossas próprias células, que por vezes ficam desreguladas e podem adoecer-nos (como é o caso das células cancerígenas).
Um sistema único e altamente complexo
Composição do sistema imunitário
Ao contrário de outros sistemas como o urinário ou digestivo, que são localizados e formados por órgãos específicos, o sistema imunitário está espalhado por todo o nosso corpo. Envolve células, tecidos, órgãos e proteínas.
Os seus protagonistas são os glóbulos brancos, ou leucócitos. São células que fazem parte do sangue e que circulam por todos os nossos vasos sanguíneos e pelos vasos linfáticos. Podem considerar-se «patrulheiros» do organismo, já que «viajam» pelo corpo e assim que detetam um «estranho» multiplicam-se e atacam-no.
Os glóbulos brancos que não estão em circulação, estão armazenados em órgãos como o timo ou o baço, na medula óssea e nos gânglios linfáticos. Existem vários tipos de glóbulos brancos, sendo que os principais são os fagócitos e os linfócitos.
Fagócitos são glóbulos brancos diferenciados que rodeiam o invasor e o destroem, «comendo-o» e digerindo-o. Linfócitos são os glóbulos brancos que têm memória e reconhecem invasores com os quais já contactaram antes. São estes que produzem os chamados anticorpos, que nos defendem de patógenos com os quais já tivemos um contacto anterior.
Um sistema que nunca esquece
Numa pessoa saudável, com um sistema imunitário a funcionar corretamente, os «atacantes» mais fracos são rapidamente neutralizados. Nós nem notamos que algo está a acontecer. É quando o sistema imunitário deixa de funcionar corretamente, ou quando é atacado por um microrganismo mais potente e infecioso que acabamos por ficar doentes.
Com alguns destes microrganismos mais «fortes», como é o caso da varicela, por exemplo, só adoecemos quando entramos em contato com eles pela primeira vez. Diz-se que ficamos imunizados. Isto acontece porque, como vimos acima, o nosso sistema imunitário tem memória! É verdade, os linfócitos, depois de reconhecerem um «atacante» pela primeira vez, nunca mais se esquecem dele. E criam as defesas necessárias, os anticorpos, para o eliminar se voltarmos a contactar com o dito atacante.
É neste mecanismo de memória que se baseia a ação das vacinas. Uma vacina consiste em introduzir antigénios ou patógenos enfraquecidos no organismo. Isto numa dose e de forma a que a pessoa não chegue a adoecer, mas produza anticorpos. Devido à capacidade de memória do sistema imunitário, se mais tarde voltarmos a entrar em contacto com o agente patogénico, já temos recursos específicos para nos defendermos rapidamente.
Imunidade e alergias
No caso das alergias, estas devem-se a uma desregulação em que o sistema imunitário reage exageradamente à presença do alérgeno e envia uma descarga exacerbada de agentes de defesa para se proteger. Quanto mais forte for esta resposta, pior a reação alérgica, que em casos graves pode mesmo levar à morte.
Resposta imunitária: quando o sistema imunitário se ativa
O sistema imunitário reconhece tudo o que faz parte do nosso organismo, vivendo «em paz» com isso. Ele ativa-se quando contacta com partículas estranhas, às quais não está habituado. A estas partículas chamamos antigénios. Para nos defender dos antigénios, o sistema imunitário ativa a resposta imunitária.
Normalmente, um antigénio é uma bactéria, fungo, vírus, toxina ou «corpo estranho» (como uma lasca de madeira, uma pedrinha numa ferida, uma unha encravada, etc.). Mas um antigénio também pode ser uma das nossas próprias células que ou morreu ou tem alguma mutação (como as células cancerígenas).
Quando os linfócitos detetam estes antigénios, que são invasores, começam a produzir anticorpos. Estes anticorpos ligam-se a cada um dos antigénios e funcionam como marcadores. Ou seja, eles não destroem o invasor, simplesmente sinalizam-no para que os fagócitos o detetem e procedam então à sua destruição.
Tipos de Imunidade
Em condições saudáveis, à medida que uma pessoa cresce, vai fortalecendo o seu sistema imunitário. Isto porque vai-se expondo a cada vez mais patógenos. Isto é, vai construindo a sua imunidade.
Existem 3 tipos de imunidade:
- Imunidade inata – é aquela com que todos nascemos. Desde o primeiro dia que o nosso organismo se defende dos invasores. Esta imunidade está relacionada com a pele, que é uma barreira à entrada de patógenos, e também com as mucosas (boca, olhos, garganta) que dificultam qualquer invasão. É a nossa primeira linha de defesa.
- Imunidade adquirida – como o nome indica, é imunidade que vamos adquirindo com os anos. Sempre que somos expostos a doenças ou somos vacinados, construímos uma biblioteca de anticorpos destinados a diferentes patógenos. Relaciona-se com a tal «memória imunológica» de que falávamos acima.
- Imunidade passiva – é aquela que nos é «emprestada» e não dura indefinidamente. Veja-se o caso dos anticorpos que o bebé recebe da mãe através da placenta e do leite materno. Protegem o bebé durante os primeiros tempos de vida, mas acabam por se esgotar.
O sistema imunitário é altamente complexo. Aqui explicámos as bases, para que consiga ter umas luzes sobre o seu funcionamento e entenda a importância do mesmo à nossa sobrevivência. Depende de inúmeras células, tecidos, órgãos e processos que funcionem em perfeita sincronia para que tudo corra bem. Por isso, também é fácil que algo corra mal. Mas quando está saudável, é um sistema incrível que nos protege do mundo de forma extraordinária.
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Medical News Today