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Afinal, será que posso comer glúten ou não?

Muito se tem falado sobre o glúten, com cada vez mais produtos a garantir estarem livres desta substância. Mas, afinal, o glúten deve ser retirado da alimentação?

Nos últimos anos o glúten tem sido constantemente acusado de fazer mal à saúde. Ora por provocar intolerância, ora por estar associado a alimentos ricos em hidratos de carbono que causam ganho de peso. Por outro lado, a dieta gluten-free tem-se tornado numa moda. Na realidade, o glúten não faz mal à saúde e deveria ser retirado da alimentação apenas no caso de intolerância específica ou doença celíaca.

Mas o que é mesmo?

O glúten é um conjunto de proteínas insolúveis que se encontra em cereais como, por exemplo, o trigo, a aveia, cevada e centeio. E é com estas farinhas que são confecionados alimentos como pães, biscoitos, bolachas, massas e pizzas.

 

Por outro lado, a intolerância ao glúten é uma condição fisiológica de intolerância intestinal. Caso esta intolerância seja permanente, é chamada de doença celíaca (do grego koiliakos, abdominal). Existem outros distúrbios menos comuns ligados ao glúten, como, por exemplo a alergia ao trigo, dermatite herpetiforme e a glúten ataxia, entre outros. Estima-se que a prevalência global de todos os distúrbios ligados a este conjunto de proteínas seja de cerca de 5% da população. Em Portugal estima-se uma prevalência de doença celíaca entre 1-3% da população.

Mas sem doença associada, não devo evitar?

As pessoas que sofrem de doença celíaca e outros distúrbios ligados a esta substância não podem ingerir. No entanto, não parecem haver razões que indiquem que o resto da população não a deva consumir. De facto, evidências científicas provam que o glúten consumido de forma equilibrada é benéfico, participando à ingestão de fibra e à proliferação das bactérias boas que ajudam a digestão.

 

É certo que o glúten está em muitos alimentos altamente calóricos. Mas, mesmo assim, não há evidências que provem que deixar de o comer leva a uma perda de peso superior. Ao deixar de consumir alimentos ricos em cereais ou farinha de cereais que contem glúten, sem os substituir por cereais/farinhas que não contêm glúten (arroz, milho, trigo sarraceno e quinoa) leva a uma diminuição de peso por redução de calorias.

 

No entanto, deixar de comer categorias inteiras de alimentos, como a categoria dos cereais e dos seus derivados não é aconselhável. Os cereais, especialmente na sua forma integral, são uma fonte importante de nutrientes: fibras, vitaminas B (tiamina, riboflavina, niacina e folato) e minerais (ferro, magnésio e selénio).

 

Uma alimentação saudável deve conter todas as categorias alimentares. Excluir inteiras categorias alimentares da dieta é um fator de risco para o aparecimento de distúrbios alimentares.

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Há alimentos que ajudam a prevenir doenças?

O glúten e a doença cardiovascular

Um estudo feito nos Estados Unidos tem acompanhado 110.000 indivíduos sem história de doença cardíaca coronária e doença celíaca durante 24 anos (1986 – 2010) para analisar a associação entre o consumo de diferentes quantidades de glúten e o aparecimento de doença cardíaca. De acordo com os resultados publicados em 2017, o consumo de alimentos que contêm glúten não aumenta o risco de doenças cardiovasculares. Portanto, uma dieta sem glúten não é recomendada para fins de prevenção em pessoas não celíacas. Pelo contrário, o estudo conclui que não comer esses alimentos pode resultar numa baixa ingestão de cereais, especialmente cereais integrais. E estes estão associados a benefícios cardiovasculares, como a redução de colesterol, da pressão arterial e do peso. Assim sendo, restringir a ingestão pode não ser benéfico para a saúde do coração e não deve ser considerada uma alternativa a uma dieta variada.

 

Por fim, junte-se à comunidade Cardio 365º!

Referências
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