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O que é um AVC intra-uterino?

O AVC intra-uterino é uma condição rara que decorre sem que surjam sintomas de uma complicação da gravidez. Importa estar alerta para este tipo de doença pelo seu grave impacto na saúde dos nossos bebés. Hoje vamos explorar melhor este tema.

AVC intra-uterino é uma expressão daquelas que causa logo um sentimento de alerta. Mas para a percebermos na sua plenitude convém começar por relembrarmos o que é um AVC e porque ocorre.

Começando por falar em AVC…

Um acidente vascular cerebral (AVC) ocorre quando o fluxo sanguíneo de algum vaso cerebral é afetado.

 

Esta condição causa uma diminuição muito rápida da quantidade de oxigénio que chega ao cérebro. Assim sendo comprometendo o normal funcionamento deste órgão.

 

Assim, quando o AVC ocorre entre as 20 semanas de gestação e os 28 dias pós-parto, designa-se por AVC perinatal. De acordo com a idade em que ocorre, classifica-se em:

 

  • fetal ou AVC intra-uterino (quando diagnóstico é ainda no útero, quando a criança nasce morta ou quando o diagnóstico é na primeira semana de vida por alterações nos exames de diagnóstico);
  • neonatal precoce (nos primeiros 3 dias de vida);
  • neonatal tardio (entre o 4.º e 28.º dia de vida);
  • perinatal presumível (após o 29.º dia).

É frequente acontecer?

Um estudo da Sociedade Portuguesa de Neuropediatria revelou que o AVC está entre as 10 primeiras causas de morte infantil e que cerca de metade dos que ocorrem em idade pediátrica (até aos 18 anos) ocorre no período perinatal, ou seja, até aos 28 dias de vida.

 

Os fatores de risco mais comuns são:

 

  • Infeção.
  • Complicações da gravidez.
  • Parto traumático.
  • Distúrbios de coagulação.
  • Asfixia perinatal.

 

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Viver a gravidez com doença cardiovascular

Como suspeitar deste diagnóstico?

Pela ausência de sinais clínicos durante a gravidez, o diagnóstico na maioria das vezes é feito após o nascimento. Ou seja, o parto pode decorrer sem problemas e o bebé pode nascer aparentemente bem, sem nenhum sinal clínico de doença.

 

Em termos de sinais e sintomas, sabe-se que, dependendo do tipo de AVC, podem surgir diferentes sintomas nos primeiros dias de vida:

 

  • AVC isquémico: surge mais nos primeiros 3 dias de vida e manifesta-se por convulsões, suspensão momentânea da respiração (apneias), diminuição da força muscular (hipotonia), irritabilidade ou diminuição do apetite;
  • Trombose do seio venoso: surge entre 2.º dia e a 1.ª semana pós-parto, apresentando-se com convulsões, infeção generalizada, meningite, desidratação ou problemas cardíacos.

 

Nos casos de AVC intra-uterino, por vezes a ausência de sinais clínicos durante a gravidez e após o parto estende-se até aos primeiros meses de vida. Nesta altura poder-se-á suspeitar de algum atraso de desenvolvimento por exemplo se se notarem:

 

  • assimetrias a nível motor (atraso no gatinhar, preferência por uma das mãos);
  • atraso na fala;
  • fraqueza muscular ou contrações musculares num dos lados do corpo ou face.

 

A confirmação do diagnóstico é feita através de exames de imagem com presença de alterações cerebrais coincidentes com a suspeita clínica.

A criança fica com sequelas para toda a vida?

Ao contrário dos adultos, a criança tem maior potencial de reabilitação após um evento deste tipo. Ainda assim, cerca de 50-60% acaba por ficar com sequelas ou algum défice neurológico residual.

 

Quanto mais precoce for o diagnóstico, mais rapidamente se inicia a reabilitação de forma a que a mesma possa acompanhar o desenvolvimento da criança e ajudá-la nas aquisições de novas competências. Aqui, a colaboração dos pais é fulcral. O objetivo é que a criança seja o mais funcional possível, em termos pessoais e sociais.

 

Em suma, devido à grande capacidade de adaptação cerebral da criança, o impacto do AVC pode ser mínimo se for feito um acompanhamento adequado.

Referências
  • DynaMed

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