Conhece os fatores de risco cardiovascular?
Todos temos uma ideia de que um estilo de vida saudável ajuda a prevenir doenças cardiovasculares, mas será que consegue identificar os fatores de risco cardiovascular? Descubra-os neste artigo e utilize-o como um guia para melhorar a sua saúde.

Antes de mais, para percebermos melhor o que são fatores de risco cardiovascular, devemos perguntar-nos: o que é o risco cardiovascular? Trata-se da probabilidade que uma pessoa tem de desenvolver uma doença cardiovascular. Os fatores de risco são condições (da sua saúde, da sua vida, dos seus comportamento e hábitos de vida) que contribuem para o aumento deste risco, ou seja, para o aparecimento de doenças cardiovasculares.
Categorização dos fatores de risco
Estes fatores podem ser:
- não modificáveis: a idade, o sexo, a existência de doença cardiovascular na história pessoal e familiar; são fatores que não são passíveis de alteração;
- modificáveis: fatores em que pode intervir. E alterar! Com alimentação, exercício físico, controlo do peso, dos valores da pressão (tensão) arterial, glicemia capilar, colesterol, entre outros.
Conhecer para prevenir fatores de risco cardiovascular
Já não é novidade: as doenças cérebro e cardiovasculares – como o enfarte agudo do miocárdio (ataque cardíaco), o acidente vascular cerebral (AVC), entre outras – são a principal causa de morte e invalidez em Portugal.
Tendo em conta que a maior parte dos fatores de risco assenta em condições modificáveis, é essencial reconhecer quais são os fatores que aumentam o risco cardiovascular para fazer possíveis alterações nos hábitos quotidianos. Desta forma, saberá como controlar estes fatores e adotar um estilo de vida mais saudável, que promova a prevenção de doenças cardiovasculares e, consequentemente, o aumento da longevidade e da qualidade de vida.
Tenha consciência que se tiver vários fatores de risco cardiovascular, estes potenciam-se e aumentam exponencialmente a possibilidade de surgir uma doença cardiovascular. Cerca de 68% dos portugueses apresenta 2 ou mais fatores de risco, e 22% acumula 4 ou mais fatores.
Passemos, então, a conhecer os fatores modificáveis de risco cardiovascular:
Hipertensão arterial
A pressão arterial é a força que é exercida pelo sangue contra a parede das artérias. Quando esta está demasiado elevada (hipertensão arterial) pode provocar lesões nas paredes dos vasos sanguíneos, bem como o seu espessamento e perda de elasticidade. Por vezes, podem também formar-se coágulos que podem levar à sua oclusão e comprometer o fluxo sanguíneo, provocando aterosclerose ou até AVC. Devido a este aumento de pressão e estreitamento dos vasos sanguíneos é exigido mais esforço ao coração para bombear o sangue, provocando espessamento das suas paredes (hipertrofia), que conduz a diversas cardiopatias. Trata-se, portanto, de um dos principais fatores de risco de doenças cardiovasculares.
Dislipidemia (colesterol elevado)
Os níveis elevados de «mau» colesterol (LDL) e triglicéridos contribuem para o espessamento e rigidez das artérias, bem como para a formação de placas de aterosclerose. Estas provocam progressivamente a obstrução parcial ou total do fluxo sanguíneo que chega ao coração e ao cérebro. Neste sentido, se o sangue não chegar a estes órgãos-alvo, são causados danos graves, pelo que também este é um dos fatores que mais contribuem para o aparecimento de doenças cardiovasculares.

Sedentarismo (inatividade física)
O sedentarismo, ou a ausência de exercício físico regular, expõe ainda mais a pessoa aos riscos de doenças cardiovasculares, pois aumenta vários fatores potenciadores destas doenças, como a obesidade, o colesterol, a pressão arterial, a diabetes tipo 2. Além disso, a atividade física melhora o bombeamento do sangue, tornando o coração menos rígido. Apesar dos seus benefícios, os portugueses estão longe dos níveis de atividade física recomendados pela OMS. E o confinamento devido à pandemia COVID-19 veio agravar ainda mais este panorama.
Obesidade e excesso de peso
A obesidade e excesso de peso são, literalmente, um fator de risco «de peso» para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Além de desencadearem outros potenciadores destas doenças, como a hipertensão, a diabetes de tipo 2 e a dislipidemia, estão muitas vezes associados a sedentarismo.
Por outro lado, o excesso de peso exige um esforço suplementar do coração, o que conduz progressivamente a dilatação e hipertrofia (engrossamento) das suas paredes, que favorece as doenças cardiovasculares.
É um facto preocupante dado que, segundo um estudo recente realizado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, mais de metade dos portugueses são obesos ou têm pré-obesidade.
Diabetes
A diabetes é uma doença que aumenta em muito o risco de doenças cardíacas e ataque cardíaco, mesmo com os valores de glicémia controlados. Quando os valores da glicemia estão elevados criam uma inflamação crónica da parede das artérias e o seu endurecimento. O que favorece a formação de aterosclerose. Estas alterações metabólicas também as enfraquecem, favorizando a sua deterioração e, inclusivamente, a formação de coágulos de sangue, que podem provocar um AVC ou um enfarte.
Tabagismo
A inalação do fumo e dos químicos do tabaco tem vários malefícios na nossa saúde e afetam também a saúde cardiovascular. Fumar provoca o endurecimento e diminuição da elasticidade das paredes das artérias. E favorece a formação de placas de aterosclerose, para além de também contribuir para a formação de coágulos de sangue, ao provocar espasmos nas artérias.
Excesso de álcool
O consumo excessivo de álcool, para além do consumo de um copo de vinho tinto por dia, aumenta a pressão arterial, os triglicéridos e o colesterol. E ainda enfraquece a parede das artérias, para além dos malefícios que provoca noutros órgãos (fígado, cérebro, etc.).
Tomar consciência dos riscos ajuda-o a fazer escolhas inteligentes para a sua saúde. Trabalhe juntamente com o médico para reduzir os factores de risco presentes e adopte um estilo de vida saudável e ativo, de forma a prevenir o risco cardiovascular.
Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPHTA)
Serviço Nacional de Saúde (SNS)
American Heart Association