O impacto cardiovascular da hiperglicemia
A hiperglicemia é a principal característica da diabetes. Então, de que forma é que pode estar relacionada com a saúde cardiovascular? Neste artigo explicamos-lhe a relação entre as duas. Venha daí!
Para percebermos qual o impacto cardiovascular da hiperglicemia, comecemos por entendê-la. Depois, relacioná-la-emos com a doença cardiovascular. A hiperglicemia é uma condição na qual os níveis de açúcar (glicose) no sangue estão demasiado elevados. Ou seja, quando encontramos valores de glicose:
- em jejum superiores a 130 mg/dL
- até 2h depois de comer superiores a 180 mg/dL
É, talvez, a principal característica da diabetes. Tanto tipo 1 como tipo 2. Na diabetes tipo 1, o pâncreas não produz insulina. Esta é a hormona responsável por levar a glicose ao interior das células. No caso da diabetes tipo 2, o corpo ou produz pouca insulina, ou desenvolveu uma resistência à mesma e não a consegue usar. Por isso, a glicose que ingerimos nos hidratos de carbono (pão, massas, arroz, batatas, fruta, doces, etc.) fica em circulação.
Apesar de ser característica, a hiperglicemia não é exclusiva das pessoas com diabetes. Pode acontecer:
- em pessoas com pré-diabetes,
- após enormes excessos alimentares,
- como resposta ao stresse,
- devido a alguma doença (que não a diabetes) ou infeção,
- se por algum motivo diminuir a atividade física ou ficar inativo.
Seja qual for o motivo, este excesso de açúcar no sangue não é bom. Com o tempo, acaba por causar danos nos vasos sanguíneos, órgãos e nervos.
Hiperglicemia e doença cardiovascular
As hiperglicemias frequentes e prolongadas acabam por causar danos nos vasos sanguíneos, órgãos e nervos. No fundo, o excesso de açúcar no sangue diminui a elasticidade das paredes dos vasos. Por isso, estes ficam mais estreitos e o sangue não circula. Se o sangue não circula, não chega aos órgãos e nervos, danificando-os. De forma simples, esta é a razão pela qual existe uma forte ligação entre a diabetes e a doença cardiovascular.
Aliás, as pessoas com diabetes têm o dobro da probabilidade de vir a sofrer um AVC ou de desenvolver outra doença cardiovascular. Isto em relação a pessoas sem diabetes e numa idade mais jovem.
O que é a doença cardiovascular
Doença cardiovascular é toda aquela que afeta o coração (cardio) e os vasos sanguíneos (vascular). Existem vários tipos de doenças cardiovasculares. No entanto, as mais graves são normalmente as que afetam as artérias do coração e do cérebro. Uma das mais comuns é a doença arterial coronária. Como o nome indica, afeta as artérias coronárias. Ou seja, as artérias que «alimentam» o coração com oxigénio e nutrientes.
A principal causa da doença arterial coronária é a aterosclerose. Aqui, placas de ateroma (uma mistura de células gordas, cálcio e tecidos) vão-se acumulando no interior das artérias. Por isso, estas ficam cada vez mais estreitas. Podem mesmo chegar a obstruir. Por isso, o sangue tem muita dificuldade ou vê-se mesmo impedido de passar e chegar ao coração. Esta situação pode levar a um enfarte (ataque de coração).
Mas a aterosclerose não acontece só nas artérias do coração. Pode ocorrer nas artérias do cérebro e causar AVCs. Ou noutras partes do corpo, como por exemplo as pernas e os pés. Neste último caso, é chamada doença vascular ou arterial periférica. A doença arterial periférica é frequentemente o primeiro sinal de que uma pessoa com diabetes tem doença cardiovascular.
Mas o que é que tudo isto tem que ver com a diabetes?
Já vimos que, com o passar do tempo, e principalmente em diabetes mal controladas, a hiperglicemia danifica os vasos e os nervos. Isto é válido, obviamente, para aqueles que controlam o coração. Por outro lado, quem tem diabetes tem normalmente outras doenças associadas que afetam o coração:
- Tensão alta. Cerca de 74% das pessoas com diabetes têm a tensão alta. A pressão excessiva do sangue nas paredes das artérias acaba por danificá-las. Conjugar a diabetes com a tensão alta, aumenta significativamente o risco cardiovascular.
- «Mau» colesterol (LDL) elevado. Acumula-se e forma placas nas paredes das artérias já danificadas.
- Triglicerídeos elevados. Esta «gordura do sangue», conjugada com baixo «bom» colesterol (HDL) e elevado LDL, favorece os danos nas artérias.
- Obesidade. Muitas pessoas com diabetes sofrem de excesso de peso ou de obesidade, o que por si é um fator significativo de risco cardiovascular.
As pessoas com diabetes também têm mais propensão a sofrer de insuficiência cardíaca. Esta doença faz com que o coração não consiga bombear o sangue de forma correta. Como consequência, pode ocorrer o inchaço dos membros inferiores. Também é possível que se acumule líquido nos pulmões, o que dificulta a respiração.
De acordo com o Centers of Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos da América, a doença cardiovascular é a principal causa de morte precoce das pessoas com diabetes. Felizmente, com um bom controlo da doença e com a redução ou eliminação dos fatores de risco, é possível diminuir o risco cardiovascular. E assim, prolongar e melhorar a qualidade de vida da pessoa com diabetes. Por isso já sabe: esteja atento, escute a sua equipa de saúde. Altere tudo o que lhe for possível para obter um estilo de vida mais saudável. Tome corretamente a medicação prescrita. Cuide de si!
Por fim, junte-se à comunidade Cardio 365º!
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