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Sopro cardíaco: será que é grave?

O sopro cardíaco fisiológico é bastante comum, mas, como não é grave, a criança não necessita de ser seguida por um especialista. Já o patológico, mais raro, é sintoma de doença cardíaca. Com a ajuda de um especialista, saiba os sintomas associados e como ajudar o seu filho a lidar com este problema.

O sopro cardíaco — um sintoma e não uma doença — corresponde «ao som produzido pelo fluxo de sangue a passar nas estruturas do sistema cardiovascular», explica o médico cardiologista pediátrico José Diogo Ferreira Martins. Comum em lactentes e crianças, está presente em mais de 50% das crianças, particularmente em idade escolar, de acordo com o manual Doença Cardiovascular em Idade Pediátrica ‒ Orientações de Prática Clínica e Referenciação, de Catarina Brandão, Susana Abreu e Fátima Pinto, do Centro de Referência de Cardiopatias Congénitas do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central. Porém, como complementa José Diogo Ferreira Martins, «pode ser diagnosticado em qualquer idade, desde o primeiro dia de vida até à idade adulta».

Sopro cardíaco

Tipologias e causas

 

A maioria dos sopros cardíacos não é grave. São os chamados sopros «fisiológicos (também conhecidos como “inocentes”) e não estão associados a qualquer doença cardíaca», indica o especialista. Contudo, os sopros também podem ser patológicos, isto é, associados a uma doença, o que acontece «em menos de 1% das crianças. As causas são inúmeras e resultam do fluxo turbulento do sangue num coração com alterações estruturais ou funcionais. Ouve-se um “sopro” produzido por uma doença congénita do coração – as que estão presentes quando as crianças nascem – porque resultam de anomalias durante a formação do coração». Não havendo um predomínio de sopros por sexo, existem, contudo, «algumas doenças cardíacas congénitas mais frequentes nas meninas e outras nos meninos», complementa.

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Os diferentes tipos de cardiopatia

Sinais e sintomas

 

Como um sopro fisiológico «não está associado a doença cardíaca, não é acompanhado por sintomas», esclarece José Diogo Ferreira Martins. Porém, associado aos sopros patológicos, «podem existir sintomas sugestivos de doenças cardíacas». Nestes casos, «os bebés e crianças pequenas podem apresentar cianose central (coloração azulada da língua e boca), cansaço fácil, dificuldade respiratória e transpiração abundante da cabeça com o esforço, particularmente durante a alimentação e choro». Nas crianças mais crescidas e adolescentes, «pode ser evidente a dificuldade em manter atividade física ligeira/ moderada, como a ginástica escolar. Podem, também, ter queixas de dor no peito, palpitações e tonturas ou desmaios». Além disso, as crianças com algumas doenças do coração «podem não aumentar de peso adequadamente».

 

O que fazer perante um sopro inocente…

 

Nestes casos, «a criança não tem indicação para qualquer investigação clínica, ou seja, não é necessário tratamento ou seguimento e, por isso, tem alta», refere o médico cardiologista pediátrico, especificando que, em termos práticos, o impacto no dia a dia «é zero. Como não é uma doença cardíaca, a criança não carece de seguimento em Cardiologia Pediátrica, nem tem qualquer restrição cardíaca para a prática desportiva». Na verdade, costuma dizer-se que este tipo de sopros “passa” com a idade. Isto porque, nas crianças, «auscultamos o sopro “inocente” porque têm o tórax mais estreito  e uma camada adiposa menor e, deste modo, é mais fácil ouvir as vibrações. A partir do momento que crescem em tamanho e largura, é mais difícil ouvi-los e, por isso, diz-se de forma comum que o sopro costuma “passar”», especifica José Diogo Ferreira Martins. É por esta razão que «na idade adulta não é habitual auscultar sopros inocentes», salienta.

 

E em casos de (suspeita de) doença

Perante isso, a criança terá de ser seguida em Cardiologia Pediátrica, e o impacto no dia a dia, nomeadamente ao nível da prática de desporto, irá variar «de acordo com a natureza da doença e dos tratamentos efetuados». A criança é «observada por um especialista em Cardiologia Pediátrica, podendo ser necessário realizar exames para confirmar ou excluir a presença de doença no coração, nomeadamente análises ao sangue, radiografia do tórax, eletrocardiograma e ecocardiograma transtorácico», enumera José Diogo Ferreira Martins, acrescentando que, quando comprovada a presença de patologia, o tratamento vai «depender da doença em causa». Algumas doenças do coração poderão «requerer cirurgia cardíaca ou medicamentos para controlo dos sintomas e da evolução da doença, sendo que não existem medicamentos curativos», sublinha o especialista

O especialista aconselha: e se o meu filho tem um sopro?

O médico cardiologista pediátrico José Diogo Ferreira Martins explica como os pais devem proceder perante os 2 tipos desta doença.

 

  • Sopro fisiológico

 

«O único conselho é não voltar à consulta de Cardiologia Pediátrica, pois o seu filho não tem doença cardíaca.»

 

  • Sopro patológico

 

«Siga as indicações do médico especialista pois, em caso de patologia cardíaca, são essenciais e adaptadas a cada situação individua»l. Além disso, «garanta que o seu filho mantém uma alimentação saudável e evite a obesidade, adaptando o exercício físico à patologia e seguindo uma boa higiene oral».

 

Por fim, junte-se à comunidade Cardio 365º!

Referências
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