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Os adoçantes fazem bem ao coração?

Com o aumento da obesidade e da diabetes, cresceu a reformulação alimentar para desenvolver produtos com baixas calorias e menos açúcar, gorduras saturadas e sal. Os adoçantes sem calorias ou de baixas calorias ajudam. Mas será o seu consumo seguro para quem sofre de doença cardíaca?

Milhões de pessoas usam, todos os dias, adoçantes artificiais. Outras tantas ingerem alimentos e bebidas, também eles, adoçados artificialmente. Mas será que os adoçantes fazem bem ao coração?

 

A questão é pertinente, sobretudo, quando associamos a importância dos adoçantes aos doentes diabéticos já que muitos deles sofrem de doença cardiovascular. Com o aumento da obesidade e da diabetes em grande parte do mundo ocidental, cresceu a reformulação alimentar para desenvolver alimentos e bebidas com baixas calorias e menos açúcar, gorduras saturadas e sal. Os adoçantes sem calorias ou de baixas calorias entram numa categoria de ingredientes que ajuda na reformulação desses produtos para obter essa redução de açúcar.

 

A International Sweeteners Association garante: «os adoçantes sem ou de baixas calorias têm um papel benéfico a desempenhar quando utilizados no lugar do açúcar e como parte de uma alimentação variada e equilibrada e de um estilo de vida saudável, incluindo para pessoas em risco de doença cardíaca». Mas a verdade é que o tema continua a gerar polémica com o permanente aparecimento de estudos a contradizê-lo.

Adoçantes e últimas investigações

Um estudo da American Heart Association (AHA)

 

Um estudo publicado em 2019 na revista Stroke, da American Heart Association (AHA), baseado numa amostra de mais de 80 mil mulheres em idade pós-menopausa, estabeleceu uma ligação entre o consumo diário de sumos de fruta e refrigerantes light e um maior risco de acidente vascular cerebral e de doença coronária. Os cientistas concluíram, assim, que as que bebiam 2 ou mais bebidas light por dia tinham um risco acrescido de 23% de sofrer qualquer tipo de derrame e de 31% de sofrer um derrame, em comparação com aquelas que disseram beber este tipo de bebida menos de 1 vez por semana ou nunca.

 

No entanto, Yasmin Mossavar-Rahmani, professora associada de Epidemiologia Clínica e Saúde da População da Faculdade de Medicina Albert Einstein, em Nova Iorque, que liderou a pesquisa, explicou em entrevista à DN Life, que é necessária «mais pesquisa antes de concluirmos se refrigerantes e bebidas diet ou light são ou não saudáveis». Para isso, elucida, «os investigadores têm que se debruçar sobre quais os edulcorantes que são saudáveis e os que não são, como é que esses adoçantes afetam o microbioma intestinal, como usamos o açúcar no corpo e se estes adoçantes artificiais mudam a maneira como o corpo processa o açúcar».

 

A cientista concluiu, ainda que «embora a associação não implique causalidade e o risco absoluto seja pequeno (2 por 1.000 pessoas por ano), não devemos ignorar estes resultados. Não estudámos os adoçantes artificiais isolados, apenas as bebidas dietéticas. Mas, ainda assim, consideramos que seria prudente evitar quantidades excessivas destas bebidas».

 

Um estudo do Canadian Medical Association Journal

 

Já em 2017 um estudo realizado por investigadores no Canadá tinha encontrado uma associação entre adoçantes artificiais e um aumento do risco de doenças cardíacas. A pesquisa, publicada no Canadian Medical Association Journal, mostrou também que, além de doenças cardíacas, o consumo de adoçantes artificiais pode, ainda, levar à obesidade, à diabetes e à hipertensão. O estudo foi conduzido por cientistas do Centro George & Fay Yee para Inovação em Saúde da Universidade de Manitoba em Winnipeg, no Canadá.

 

Um estudo do Journal of American College of Cardiology

 

Mais recentemente, a CNN Health dá conta de uma pesquisa, publicada no Journal of American College of Cardiology, que analisou dados de mais de 100 mil voluntários franceses adultos participantes no NutriNet-Santé. Ou seja, num estudo nutricional francês iniciado em 2009, que pede aos participantes que preencham online 3 registos da sua dieta das últimas 24 horas a cada 6 meses. A conclusão do estudo está prevista para 2029.

Os voluntários foram divididos em 3 grupos de não consumidores, consumidores com moderação e grandes consumidores de bebidas diet ou açucaradas. As primeiras bebidas contêm adoçantes não nutritivos, como aspartame ou sucralose, e adoçantes naturais, como a stevia. As açucaradas incluem refrigerantes, sumos de fruta e xaropes com pelo menos 5% de açúcar e, ainda, sumos naturais de frutas.

Os autores eliminaram os primeiros casos de doença cardíaca durante os primeiros 3 anos de forma a não correrem riscos de se distorcerem os dados, e encontraram, entre 2011 e 2019, um resultado pequeno, mas estatisticamente significativo. Em comparação com pessoas que não bebiam bebidas adoçadas artificialmente, os grandes consumidores tinham 20% mais probabilidade de ter doenças cardiovasculares num determinado momento.

Segundo os investigadores, houve um resultado semelhante para os consumidores de bebidas açucaradas comparativamente aos não consumidores. No entanto, o estudo só poderia mostrar uma associação entre os 2, não uma causa direta.

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